A avaliação contou com a participação do corpo técnico do TCA e de artistas como Daniela Mercury e Lazzo Matumbi
Precedendo a terceira etapa da reforma do Teatro Castro Alves, prevista para ter início no primeiro semestre de 2024, um grupo de artistas e especialistas se reuniram nesta quarta-feira (29) para um teste acústico da Sala Principal.
Na ocasião, a Orquestra Sinfônica da Bahia (OSBA) se apresentou para que os convidados aferissem os desempenhos acústicos da sala. A avaliação contou com a participação do corpo técnico do TCA e de profissionais de acústica, além de artistas como Daniela Mercury e Lazzo Matumbi.
Moacyr Gramacho, diretor-geral do TCA, explica que há duas formas de medir os parâmetros acústicos de uma sala. A primeira foi realizada há alguns meses, de forma técnica e digitalmente, para aferição de decibéis. A outra – escuta crítica ou escuta sensível – foi realizada nesta quarta (29), na presença de especialistas no momento de audição, a partir da plateia, durante a apresentação da OSBA.
Escuta qualificada
Os testes começaram na última terça-feira (28), quando também foi realizado o evento “Conversas Plugadas”, que reuniu o designer acústico e arquiteto norte-americano, Paul Scarbrough, diretor do Akustiks; e o arquiteto brasileiro, José Augusto Nepomuceno, do Acústica & Sônica. Ambos, internacionalmente reconhecidos, compartilharam insights sobre os parâmetros aplicados no projeto de reforma do TCA e destacaram a importância de analisar a arquitetura de teatros modernos e exemplos de intervenções em teatros históricos no Brasil e no exterior.
“Ouvimos a Orquestra Sinfônica da Bahia, tocando diferentes trabalhos, para conseguirmos a experiência de cada um, para que a gente possa entender quais seriam os desafios acústicos e como começar a fazer o espaço funcionar, tanto para a música sinfônica, quanto para os muitos concertos e eventos”, explicou o designer acústico e arquiteto norte-americano, Paul Scarbrough.
Análise e avaliação
Todos os convidados, incluindo os artistas, receberam um formulário para avaliar critérios a cada execução da Orquestra, que apresentou cinco peças. Os especialistas foram orientados a alternar seus assentos, a cada execução, registrando suas percepções quanto à clareza, reverberância, envolvimento, intimidade, volume natural da sala, balanço, ruídos de fundo, inteligibilidade, impressão geral, entre muito ruim, ruim, mediano, razoável, bom e muito bom. As anotações também deveriam registrar a presença de eco e som de pássaro.
A compilação dos estudos e experiências como a escuta crítica irão compor um relatório que servirá de guia para a requalificação da Sala Principal do TCA. “Para definir o projeto, precisamos relacionar os dados que a gente está medindo às informações de como as pessoas escutam, aferir o dado medido com o mundo real das pessoas, porque ninguém fala o tempo todo em decibel ou em milissegundo. As pessoas falam se o som estava bom, se o som embolou, se estava ruim. A ideia é tentar entender essas reações, cruzar com números para ter uma visão mais ampla”, explicou José Augusto Nepomuceno, arquiteto responsável pela empresa contratada para elaborar o projeto de reforma do TCA.
A reforma
A terceira etapa da reforma do Teatro Castro Alves (TCA) tem uma estimativa orçamentária de mais de R$ 243 milhões. O projeto de requalificação abrange uma área extensa, que contempla desde a Sala Principal até os espaços administrativos, consolidando a visão do “Novo TCA”. O coração do teatro, a Sala Principal, será objeto de uma intervenção que, além de aprimorar a qualidade acústica, irá proporcionar um ambiente visualmente mais atraente. O foyer, o jardim suspenso e o restaurante, espaços fundamentais para a experiência do público, também estão incluídos na requalificação, prometendo um ambiente mais acolhedor e moderno.
As salas de ensaio da OSBA e do Balé do Teatro Castro Alves (BTCA), assim como espaços administrativos dos corpos artísticos, receberão atenção especial. Essas intervenções visam proporcionar condições ideais para a criação artística e promover a eficiência operacional. A abrangência da reforma se estende aos diferentes pisos do edifício, incluindo salas de ensaio polivalentes, espaços administrativos, do Centro Técnico, além de serviços essenciais e áreas de convivência e ainda, a revitalização da cobertura e das fachadas.
A finalização da Rota de Acessibilidade do Complexo TCA também está prevista nesta fase da requalificação do equipamento cultural, garantindo que o espaço seja acolhedor e acessível a todos as pessoas.