Deputado minimiza fala de presidente sobre Holocausto e diz que documento proposto pela oposição não tem fundamento jurídico
O deputado federal Zé Neto (PT-BA) afirmou nesta quinta-feira (22) que o pedido de impeachment contra o presidente Lula (PT) não tem fundamento jurídico e não deve avançar na Câmara. O documento, que reúne até agora 140 assinaturas, foi proposto depois de o petista comparar as ações militares de Israel na Faixa de Gaza ao Holocausto.
Ao bahia.ba, Zé Neto disse acreditar que o pedido não vai prosperar. “Não prospera por vários aspectos. Não prospera porque não tem nenhum embasamento legal. Não prospera porque traz um assunto com um foco de debate político que está totalmente desconectado das pautas que nós precisamos resolver na Câmara. São as pautas da reforma tributária, pautas relacionadas ao meio ambiente, que o mundo está aí esperando de nós esperando uma resposta mais contundente”, declarou o deputado.
Sobre a declaração de Lula, Zé Neto disse ter interpretado como um pedido por cessar-fogo em Gaza. “Ninguém nunca defendeu, como eles tentam colocar, o Hamas nem terrorista. Ao contrário. A população de Gaza está sendo vítima do Hamas. Essas pessoas viram escudo daqueles que querem aproveitar desse momento também para seguir no intuito de aniquilar, caso do Netanyahu, a existência do Estado Palestino. Isso é uma coisa ofensiva para a humanidade e até mesmo o que lá atrás o próprio Estado de Israel propôs”, afirmou.
O pedido de impeachment seria protocolado por Carla Zambelli (PL-SP) na terça-feira (20), mas a entrega foi adiada após a deputada receber uma intimação do STF. A maioria dos parlamentares que aderiram ao documento é filiada ao PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro e principal legenda de oposição ao governo Lula no Congresso. Para esse grupo, a declaração de Lula foi crime de responsabilidade
Na avaliação de Zé Neto, o movimento é mais uma tentativa de “lacração da extrema direita”.
“Às vezes eu penso que a extrema direita pensa que nós estamos em uma gincana. Que nós não temos responsabilidade de Estado, responsabilidade com o povo brasileiro. Que não temos responsabilidade humanitárias, pautas econômicas, pautas que estão acima de disputas partidárias. Vivem atrás de lacração em rede social”, diz.
“O que me entristece é a qualificação do que eles chamam de debate. Com a extrema direita não há debate. O que há é um puxa-estica desconectado da realidade que o Brasil vive. Se falar algo que alguém ache fora do tom, Bolsonaro deveria estar preso desde a primeira semana que governo. Ele atingiu o Supremo, a Constituição. O todo tempo mostrou uma total irrelevância no sentimento humanitário e de respeito aos coletivos. Viveu todo esse tempo falando coisas absurdas”, afirmou o deputado.